Após a leitura desta página, veja também :
------------------------------------------------------------------
Para melhor compreender as confusões mentais do Maluco, convém iniciar a leitura pela 1ª entrevista, de Jan 2010
----------------------------------------------------------------------
Para melhor compreender as confusões mentais do Maluco, convém iniciar a leitura pela 1ª entrevista, de Jan 2010
----------------------------------------------------------------------
30-01-11
Pequeno grupo de estudantes, prestes a terminar o segundo grau, anda pelo bairro a procura do maluco Pão Doce. Depois de algumas ruas, avistam um vulto lá do outro lado do jardim. Parece alguém deitado.
Aproximam-se e constatam - é o Pão Doce, roncando à patas soltas, com o boné atravessado sobre o rosto, gravata velha tombada para o lado.
Uma jovenzinha curva-se, com delicada voz inicia despertá-lo ...
— Sr Pão Doce... Sr Pão Doce ...
O ronco daquele corpo adormecido, anêmico e definhado, não permite efeito à insistente voz da jovem.
Sr Pão Doce... (Nada !)
Então a jovem tenta remover o boné do rosto do dorminhoco.
Assim, como se o corpo fosse impulsionado por molas, o maluco despertou de sobressalto, agarrando-se ferozmente ao boné...
_ Ahhhh, desgraça! Tão jovem e já ladra de uma figa? Maldito mal que se alastra dia a dia... Como Pode? Por que vocês, juventude ladra, estão sempre tentando roubar o meu boné?
Apavorada, a jovem salta para traz, enquanto alguns partem para amenizar o susto, identificando-se e preparando para dizer o motivo de ali estarem. Outra jovem toma da palavra ...
— Senhor Pão Doce... perdão! Tranqüilize-se, não é roubo. Nem somos da juventude ladra. Ladrões são os adultos e velhos que nos mentem, descaradamente, prejudicando nossas existências, ao nos fazerem crer em suas mentiras vis. Viemos em paz. Há quase hora e meia, estamos a sua procura. Só agora o encontramos.
Permanecendo deitado, ainda com os olhos um tanto turvos e lacrimosos, o maluco vai suavizando a fisionomia de pânico. Nunca gostou que terceiros o flagrassem dormindo.
Permanecendo deitado, ainda com os olhos um tanto turvos e lacrimosos, o maluco vai suavizando a fisionomia de pânico. Nunca gostou que terceiros o flagrassem dormindo.
— Que querem vocês? Não vêem que estão me atrapalhando? Cortaram minha transmissão de pensamento a alguém de minha alta consideração.
Assim como em todo grupo de adolescentes existe sempre um “Joãozinho” gaiato e atormentador... um desses arrisca ...
— Mas Pão Doce, transmissão de pensamento ronca?
— Meu inquieto jovenzinho... não, não ronca! Mas quando é para sua genitora, ronca. E ouço-a gemendo...
Alguns caíram na gargalhada. E o Joãzinho, ficou naquela de: se permanecesse calado, melhor.
Mas uma terceira moça, a mais idosa do grupo, toma as dores do rapaz, tentando perfurar a armadura do maluco, pondo-o na condição de grosseiro, mal educado.
— Creeeedooo! Sr Pão Doce! Precisava se expressar assim, ao nosso coleguinha? Que falta de fidalguia!...
— Bela e jeitosa senhorinha, ainda que já meio passada... Pelas pastas que levam nas mãos e sob axilas, percebo serem estudantes. São essas pessoinhas estudiosas o que mais prezo neste mundo. Em verdade, senhorinha, não houve ausência de educação de minha parte. Apenas quis colaborar com uma lição a vocês. Talvez, jamais a tenham, nesses moldes, da parte dos professores formais.
Pela resposta que dei a esse meu querido jovem, a quem peço melhor compreensão, apenas sugeri: ninguém, mas ninguém, injustamente, venha a mim de rebenque, que poderá encontrar-me triscando esporas. E é assim que vocês todos - lembrem-se - devem estar prevenidos, por motivos vários, que a vida se encarregará de mostrá-los. Espero tenham entendido a mensagem.
Mas por favor, em posição de Buda, sentem-se aí a meu redor, para conversarmos mais à vontade.
O grupo, já menos afoito, senta-se. O inquirido coloca o braço na condição de travesseiro. Agora um outro rapaz, de modos comedidos e voz convicta, entra na conversa...
— Senhor Pão Doce... viemos a sua presença. Já sabemos, o bairro todo sabe, que o senhor será imperador de uma pátria; que é um exímio telepata, conforme, há instantes, pudemos constatar. Sabemos dos seus aconselhamentos aos maiores governantes do mundo... e de outras tantas virtudes de sua pessoa.
De modo, senhor, que após ouvir nossas razões, desejamos que nos brinde com sua opinião, ou avaliação direta, destituída de seus costumeiros auto-elogios. É questão de evitar perda de tempo. Será possível, assim?
— Incisivo jovem, se algum de vocês pensa eu desapontado com sua pronta objetividade, propondo que eu suprima verdades a respeito de minhas monumentais virtudes e saberes... esse alguém erra. É de homens e mulheres de menos fala e de mais ações objetivas que o mundo necessita – e muito – desde que obedeçam, integralmente, as minhas diretivas. Porque, se eu não falo, se não me dedico a intermináveis falatórios quando solicitado, como poderá salvar-se o mundo? Por exemplo, por que vocês estão a minha procura?
Mas vamos aos fatos. Sou um par de ouvidos.
O mesmo rapaz prossegue na fala.
— Sr Pão Doce, aproveitando o ensejo das recentes ocorrências patrocinadas pelas intempéries, uma das nossas professoras nos determinou um trabalho de grupo, a respeito da perda de tantas vidas, por violentos desbarrancamentos e torrenciais enchentes. Em resumo, o tema é: “Medidas de proteção para evitar tragédias impostas pela Natureza.”
Pusemo-nos a pensar por dois dias. Concluímos: - é fácil criarmos encrencas com a Natureza? - É. Mas como detê-La? Pelo Google, soubemos que a população humana no Planeta é absurda em número. Pela televisão, rádio e nos templos religiosos soubemos da intensiva pregação, para que a humanidade prossiga se proliferando em enormes famílias . Isso é próprio dos gafanhotos, conforme já lemos, inclusive, em um dos seus pronunciamentos ao bairro.
Para sobrevivência, os gafanhotos vão devorando as florestas reguladoras dos fenômenos meteorológicos. Desse crime devastador ao Planeta, que conduz ao suicídio da humanidade... pelo Google Earth também demos vários vôos a baixa altura em torno da Terra. Que tristeza! Constatamos a imensidão de áreas devassadas, de uso extremamente agressor à Mãe Natureza. Devastação generalizada.
Mas os gafanhotões mentirosos nos engrupem com evasivas, sempre que nos espantamos com os efeitos causados pela proliferação demoníaca, de gafanhotos, a que nos induzem.
Nos dizem que as águas estão se escasseando, pelo que devemos ter cuidado com os pinguinhos caídos das torneiras. Mas, ao mesmo tempo, a Mãe Natureza mostra que não aceita gambiarras sugeridas pelos gafanhotões, ajeitadores ao prosseguimento da farra de aumento populacional sem limites. E, em simples amostra, a Natureza aniquila inocentes crédulos e ignorantes, com trombas d’água, pelos transtornos que a Ela a gafanhotada vem causando. Não é só trombas d’água, Sr Pão Doce, a previsão é de alternância com gradativas e terríveis ondas de calor, até de descomunais nevascas.
Dizem-nos dos perigos de alimentos produzidos à custa de intensa aplicação de defensivos agrícolas, drogas aos animais. Perigos a nós, a várias espécies, inclusive à fauna aquática receptora de enxurradas, que morre envenenada ainda nos primeiros dias de vida, cujo descalabro passa despercebido a nossas vistas. Mas como produzir tantos milhões de toneladas de alimentos necessários, sem o recurso artificial dos venenos?
Percebemos, ainda, Sr Pão Doce, que é infrutífera qualquer tentativa de diminuição da carga humana, terrestre, para retorno à vivência em meios e recursos naturais. Porque os caminhos dos infernos religiosos e econômicos, em que encurralaram a humanidade, não permitem meia-volta.
Tudo discutimos em detalhes, Sr Pão Doce, na esperança de, apesar de nossas poucas experiências, encontrarmos idéias coerentes ao trabalho em grupo.
Diante das dificuldades para apresentação razoável ... eis que em dado momento, o “Joãozinho”, esse que o interpelou há minutos, nos despertou para algo importante, que estávamos esquecendo: a proteção de Deus, quando dEle mais se necessita proteção, nos graves casos de penúria.
E com clarividência, nos lembrou de relevantes certezas: - que Ele é poderosíssimo; - que foi Ele quem criou a Terra com todo o arcabouço meteorológico, ecológico, coisa e tal; - e que é, a toda prova, um Deus Fiel em proteção e salvação aos seus devotos.
Otimistas, pusemo-nos de atenção lógica a essa nova linha de raciocínio. Porém nos vimos premidos numa conclusão, conforme segue...
O senhor está nos entendendo, Sr Pão Doce?
O senhor está nos entendendo, Sr Pão Doce?
— Sim, filho, sim ! Estou de olhos fechados, mas atento. Prossiga.
— Assim fomos concluindo: se Deus protege os seus fiéis adoradores, então, os exterminados nesses sinistros naturais, aqueles que morreram sem proteção alguma... eram todos hereges, indignos dos cuidados de Deus. Se Deus é Fiel e se, de fato, não nega fogo quando seus adoradores correm perigo, não nos restou outra alternativa, senão a de crer na heresia de todas as vítimas mortas ao abandono. Mas se crentes fossem, pela inegável fidelidade de Deus, nenhum teria perecido, principalmente as crianças por Ele tão amadas.
Estávamos prestes a conclusões, quando, ontem à tarde, a “Joaninha”, irmã do “Joãozinho” ... essa aí, Sr Pão Doce, nos disse que viu e ouviu, na televisão, um santíssimo pregador dizendo que Deus, nessas desgraças de enchentes, não quis a morte de ninguém; que a culpa da mortandade é toda dos homens públicos, que não tomaram anteriores providências para proteger os fiéis, da morte.
Então, Sr Pão Doce, novamente entramos em parafuso conceitual. Novo revertério. Concluímos que Deus ampara e protege seus fiéis e adoradores só se, anteriormente, já estiverem protegidos por outros humanos autores de medidas protetoras. Sem esse pré-requisito, sem chances!
Em situação obscura, embasbacados na elaboração do trabalho grupal, voltamos à professora expondo-lhe nossas dificuldades em dar seqüência fundamentada ao tema.
Após ouvir-nos, ela pensou... olhou para o teto, pensou... e nos disse:
— Procurem o maluco Pão Doce. Coloquem o tema a ele. Ouçam o que poderá sugerir.
— Mas professora! ouvir o Pão Doce? Tem cabimento, isso?
(Perdoe-me, Sr Pão Doce, mas foi assim que a retruquei)
— Procurem-no! (insistiu ela)
— Mas o que poderá saber, ele, a respeito de tema tão complexo?
— Meus alunos, saibam: esse andarilho é pior do que aranquã cantando na cumeeira de um rancho, às três da madrugada. O bicho fala na mesma proporção de sua loucura. Uma experiência a vocês. Talvez dê certo, a fala da criatura os inspire.
Procurem-no. Porque não abro mão do trabalho. É prova! Com direito a nota de avaliação. Vão, vão, vão ! ...
— Então, Sr Pão Doce, foi assim. E aqui estamos em sua presença pedindo-lhe alguma opinião, se for de sua vontade expressá-la.
— Meninas e meninos... Não posso elogiar-me de antemão?
— Não, já sabemos que o senhor é um sabichão, construtor da cidade.
— Percebo estar rodeado de jovens feras reflexivas, situação que mais me apraz, por sentir que, de arrocho em arrocho da Natureza, as novas gerações irão despertando do sono hipnótico em que a humanidade vem subjugada, há milhares de anos.
Então me permitam o agradecimento, que lhes peço transmitir à professora, pela elogiosa referência de mau gosto a meu respeito.
Mas, vamos ao que interessa, principiando pelas conclusões secundárias a que chegaram. Concluíram que criar gravíssimas encrencas com a Mãe Natureza não tem sido difícil à humanidade, sempre pressionada por loucos a se reproduzir irresponsavelmente. Tudo bem! Até parece que vocês já ouviram algum meu discurso, em dias passados.
E quanto ao Deus, o protetor, vocês concluíram ser Ele protetor apenas dos fiéis que, de antemão, já estejam protegidos por humanos. Se não protegidos por si, ou por outros... dançam? Foi essa a conclusão?
— Por ora, foi.
— Então, para direcionamento do trabalho escolar, resta única alternativa capaz de libertá-los do entrave. Para proteção contra sinistros e quaisquer outras desgraças, voltem-se e raciocinem sobre soluções dadas por humanos idôneos, talentosos, de boa vontade. Apenas deles, e da previdência de cada um, dependem os milagres de proteção e preservação dos demais. Se esse critério não solucionar os graves problemas em que os loucos nos engarrafaram, meus queridos, o mundo prosseguirá se complicando.
No decorrer dos anos de vida que terão pela frente, prossigam raciocinando, conforme o fizeram nesses dias passados – buscando verdades.
Jamais aceitem como válidas as afirmativas inconsistentes de salafrários, exceto quanto a fatos já debatidos, sob comprovação racional, por parte de pessoas mentalmente equilibradas.
Enfim, notem o que dizem os maiores fantasistas do mundo: “buscai a verdade, que a verdade vos libertará.” E desandam a mentir!
Eu, do alto desta grama em que repouso, digo: continuem, perpetuamente, buscando a verdade. Porque só a verdade os liberta e preservará. Sigo deitado e orientando... investiguem se minto no que disse.
Concluam o trabalho escolar, amiguinhos. Votos para boa nota. Por hoje, nada mais a lhes dizer.
Ver Postagem mais antiga
Ver mais em
http://ortografiaracional.blogspot.com/
http://versostoantes.blogspot.com/
Ver Postagem mais antiga
Ver mais em
http://ortografiaracional.blogspot.com/
http://versostoantes.blogspot.com/