31 de dez. de 2011

MILAGRE! RECUPERAÇÃO MENTAL DO MALUCO - 20ª entrevista

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 Para melhor entender a personalidade do maluco, convém iniciar a leitura na 1ª entrevista, Jan 2010.
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Em 30-12-2011

— Olá! Mister Pão Doce, quanto tempo, meu amigo! Você sempre foi um tanto esguio, elegante... mas está me parecendo muito pálido. Que acontece? Algo errado quanto a pátria que governará?
— Meu prezado, inoportuno, estranho...
— Estranho, eu? Mas como? se seguidamente conversamos sobre algo da sua pátria?
— Não me lembro de sua fisionomia, senhor. E há razão para tanto. Saiba: há uns três dias que estou sendo outra pessoa. Pessoa totalmente livre dos males mentais que embotavam o respeito a minha fé pública.
— Huuumm, sim... então, meu caro novo-homem, seja bem-vindo ao sano convívio do nosso bairro cocaineiro! Mas, me conte, como se deu o milagre transformador? Foi batizado em éguas correntes?
— Não me achincalhe! Não há males sem fim. Na pior das hipóteses, a morte nivela tudo. Aconteceu de um psiquiatra caridoso ter me chamado à realidade. Já vinha me observando há meses. Me disse do sofrimento que eu carregava, por alimentar  idéias fixas, obsessivas, como, por exemplo, o da imaginária pátria que eu pretendia governar. Me convenceu à libertação de pensamentos escravizantes.
Com mais detalhes, discorreu das patogenias mentais, que forçavam meu cérebro à produção de certa substância pastosa, mantendo-o, diuturnamente, sob grave pressão, geradora de idéias e pensamentos extravagantes.  
Receitou e me cedeu vários tubos de amostra grátis, de uma pílula da mais recente e miraculosa tecnologia farmaca. Mas com posologia de quinze pílulas de hora em hora, sob o alerta de que um só minuto de atraso em cada ingestão será suficiente para o retorno da patologia.
— E, felizardo homem, que pílula revolucionária é essa?  
— Pílulas da Vida do Doutor Grross ! A maior descoberta contra qualquer fanatismo esquizo-obsessivo.
— Apresenta efeitos colaterais?
— Sim, tem.
— Como se manifestam?
— Efeitos redutores da liberdade de ir e vir a todas as partes, conforme convém a um homem livre nas minhas condições. Não tenho tido outra liberdade, senão a de, a cada poucos minutos, ir e vir do vaso sanitário público, aí da praça. Há três dias, sinto-me confinado, sem me afastar além de vinte metros daquele vaso, e vazo por inteiro pelo duto de descarga, se me descuido quando nele estou sentado.

No decorrer da conversa, alguns universitários, que se reuniriam em festividades no pátio da Faculdade, foram se juntando ao redor, para saber das novas idéias do afetado. Ajuntamento que vai sendo percebido pelo Pão Doce, enquanto prossegue no diálogo com o mesmo interlocutor ...
— Bem, Pão Doce, até eu estou notando o bom efeito alopático das suas pílulas. Mas... e então? está se sentindo melhor da cabeça?
— Muito bem! Estou ótimo! apesar de um tanto fraco fisicamente. Sinto um agradável torpor e indiferença para com as asperezas da vida. Sinto-me num inusitado vazio mental.
— E a que horas tomou a última dose?
— De cachaça, há três dias...
— De cana, não! de pílulas.
— Caramba! que horas tem aí?
— 18:55.
— Ainda tenho cinco longos minutos para conversarmos.
E o tempo vai passando... De repente, uma senhora agorinha chegada, que nada ouvira da conversação anterior, com sincero ar de preocupação arrisca... 
— Senhor Pão Doce, tenho ouvido no bairro ser notável seu interesse pela formação da juventude,  quando o senhor é tomado por momentos de lucidez. Sou mãe de dois meninos e uma menina. Que atenção poderia me sugerir quanto a formação psico-educativa dos meus filhos?
— Mi’a prezada si’ora... ainda que possa me não crer, como eu dizia ao amigo com quem conversava, este Pão Doce que lhe fala é outro homem. Não mais tenho, nem terei, idéias estranhas a qualquer lúcido aproveitamento.
Vamos ao tema. Enquanto, durante alguns minutos por dia, alguns poucos pais se esforçam para bem orientar a formação dos filhos... logo após, horas e horas de maus exemplos são dirigidos às multidões de crianças e jovens do mundo inteiro, pela mídia quase sempre dominada por bagaços cívicos e morais. O propósito, tudo indica, é o de quebrantar a fibra cidadã das pessoinhas, via indução à promiscuidade e inversão sexual, desbragadas. 
Em princípio, cuide para que seus infantes não se atrelem a essas PROGRAMAÇÕES diárias DE TV, apresentadas por homens de fala, gestos e trejeitos afeminados.
Crianças e rapazes assistindo esses trambolhos - que se valem de cores, cantigas e luxo como chamariscos - terminam por compor multidões de meninos influenciados pelos modelos assistidos e, inconscientemente, internalizados, no decorrer de meses e anos.
— Mas, santo Deus! o senhor, como educador, alimenta preconceito dessa natureza?
Apesar da invocação a Deus, o Pão Doce mantém-se indiferente, entendendo que o referido rogo não foi a ele dirigido... Ótimo indício de cura completa! E vai prosseguindo...
— Preocupada mamãe! não me deixo levar por isto nem aquilo, nem pelo que me imponham como sendo o politicamente correto enquanto dure a influência de qualquer avalanche política de poder. Sigo os efeitos práticos e o que ditam os fenômenos da psicologia humana. 
Se o que eu lhe disse é entendido como preconceito, melhor a si’ora fará ignorando minha voz solicitada. Mas ignore consciente: alguns rapazes que assimilam aquelas falas e trejeitos, um dia, pelo próprio inconsciente serão tentados a arriscar um olho. E uma vez arriscado o olho... si’ora! ... coitado do olho!  A si’ora poderá surpreender-se em ter criado, não apenas uma, mas três delicadas moçoilas... eheheh ... a si’ora me entendeu?

Um estudante, por malvadeza, tenta despertar o surto...

— Grande mestre, ouvindo parte da conversa, que manteve com aquele senhor de camiseta de borboletinhas, folgo diante da agradável surpresa. O senhor está livre das graves afetações mentais que o prendiam a idéias de incompreendidas concepções. Mas entristece-me saber que não mais as teremos tão exóticas, vertidas de seu prodigioso cérebro a serviço dos superiores interesses planetários.
Como estudante, estou me especializando em História. Nestes últimos dias, tenho me preocupado com o que de mais amplo possa estar contido no verbete LIBERDADE. Sua palavra, agora sã, poderá me auxiliar, caso seja de sua bondade nos iluminar a respeito, ainda que com singela chama de um vaga-lume.
— Agradeço o privilégio declarado pelo jovem que me dirige a fala, referindo-se ao tema, LIBERDADE. Mote mais filosófico do que de interesse histórico, apesar da sintonia existente entre essas duas cátedras.
Entretanto, confesso: se já me ofende ser comparado a um quadrúpede borrego de rebanho, imagine o tanto que me desagrada sua metáfora, relacionando-me a um inseto. Mas na situação de mentalmente recuperado, devo escravizar-me ao dever de tolerância aos escárnios vindos de adolescentes presunçosos.
Meu filho! Liberdade encerra tanto e mais importância que família e pátria. Com a liberdade homens constroem grandes nações, ou colonizam território depositário da limpeza gênica-patológica da matrópole. Durante uns tempos, descasque essa! meu caro historiador.

As pessoas vão se surpreendendo com a firmeza do que diz aquele que era não mais que um maluco, em dias passados ... Mas outro universitário, que, em entrevista anterior, ouvira o maluco discursando sobre a ilusória existência do TEMPO, tenta averiguar se, de fato, o ex-maluco está curado...
  
— Saníssimo mestre Pão Doce... e do fenômeno CORPORATIVISMO, que nos diz?
— Em princípio, caríssimo bisbilhoteiro... trata-se de arraigado sentimento de pertencer a determinado sub-grupo, geralmente, profissional e/ou criminoso.
Sentimento manifesto no esforço do sub-grupo se bater, ora por correção de injustiças sofridas; ora com o propósito de manter, ou conduzir a distorções da lógica e méritos, afrontando até a lei e seus fundamentos - quando não se trate de lei protetora de condições espúrias - para obter vantagens.
O corporativismo é o gérmen da luta de classes. Ao tratar de particulares interesses de um grupo menor, conduz seus membros à sensação de pertencerem a um mundo separado,   indiferente a qualquer compreensão, relativa aos interesses do mais amplo grupo social.
— Como assim? Então o corporativismo é lâmina de duplo gume?
— Sim... mas insisto, meu jovem! o ímpeto corporativista, pode conter ranços fascistas, de castas que se impõem como portadoras de  poderes e direitos profissionais irredutíveis.
Não é raro. Grupos criados para servirem, ao se tornarem sovinas, se dedicam a impor nítida superioridade de zangões, sobre o grupo maior de abelhas que os sustentam. E, assim, o que fora criado para servir locupleta-se.
Esse enfoque de classes corporativistas não se restringe à cultura do nordeste africano. O corporativismo em forma oligárquica, ou feudal, resiste em pardieiros do mundo ocidental.
Resumindo à expressão do populacho, em muitos dos casos, esse fenômeno sociológico pauta-se na premissa:-  Que se danem os méritos, a razão e o direito dos que pertencem a outros sub-grupos nacionais, desde que as vantagens, a razão e privilégios nos permaneçam garantidos.
Seus líderes ativos dizem de isonomia, mas desde que, dessa, eles e os seus permaneçam superiormente apartados.  
Confere?
— Aproveitando-me de sua benevolência, de grande gênio, agora mentalmente equilibrado conforme se constata, seríamos gratos ao expor-nos sua opinião sobre se é de bom procedimento patrocinar ESTUDOS E CONHECIMENTOS A PRESIDIÁRIOS, no intuito de transformá-los em cidadãos produtivos.
— Insistente rapaz, com toda humildade que de mim se apossou nestes últimos dias, digo: aos de sangue bom, que por fatalidades se tornaram primários no crime, sim. É sempre alvissareira tal condescendência.
Todavia, aos encarcerados em índole perversa e por índole perversa; aos criminosos contumazes, pobres ou ricos, todo conhecimento a esses ministrado funciona como dotar lombrigas com presas de urutu.
A essa laia, quanto maior a gama de conhecimentos, maior o perigo que portam. Notem: os mais perigosos gangsteres, em todas as áreas da criminalidade e da covardia bem sucedida, sempre foram e são os dotados de escolaridade superior, ou os apadrinhados por esses... Ou não?
 
Um senhor de fisionomia austera se intromete e banca ...

— Pão Doce, no discurso proferido há dias, você foi razoável ao discorrer sobre a tal VERDADE. Mas não a definiu ao fiel eleitorado.

Chiii... Barrabás! Iimagine só, ao que o cavalheiro referiu ! Falou em fiel eleitorado...Mexeu na ferida acobertada pelo placebo medicamentoso... A fisionomia do entrevistado começa a se transtornar...

— Especial consulente, a você, que já o estou incluindo em meu imensurável plantel de manipuláveis adoradores ... para sua informação, amigo, Verdade é qualquer realidade constatada - mas sempre temporária - que pode durar entre a fugaz milionésima parte de um segundo  e bilhões de anos.
— Mas, então, naquele pronunciamento você já estava co’ algum baguio nos miolos... Só pode ser! Porque, na mesma ocasião, também deu a entender que o TEMPO não existe, por tratar-se de mera ilusão. Se o Tempo não existe, como pode relacioná-lo a validez da Verdade?

Acoado, diante de ouvintes de entrevistas anteriores, o Pão Doce desanda valer-se das mesmas evasivas dos charlatãos-pirambóias quando espremidos em relação às indefensáveis mentiras que pregam...

Hrunk-Hruuun ... Bem... Herrrk... Confesso minha dificuldade em comunicar-me com subornáveis de pouca habilidade mental quanto a sua, incapazes de distinguir entre a solidez dos fatos e o que os mestres da conversa mole fantasiam à relé.

A agressividade vai aflorando no emprego das palavras. Os ouvintes vão percebendo a recaída mental e o inevitável retorno ao Pão Doce de sempre ... Mas ele segue na argumentação de bagre ensebado...

Então veja. Na minha condição de político de  suprema divindade, obrigo-me a pronunciamentos que agradem a todos, porque o que de negativo eu gere nos inimigos... a esses que negam a existência do Tempo... se os desminto, então tomados de ira, me causarão estragos na mente das multidões, com inconvenientes resultados eleitorais, ainda que eu determine programarem as urnas, para inclusão, a meu favor, de muitos votos depositados em nome dos concorrentes. 
Assim é que – mesmo por um instante anômalo de sua pouca inteligência - espero ser compreendido. Aquela minha afirmação que o TEMPO não existe, teve a intenção de efeito apenas chique e demagógico, para não gerar contrariedades aos filósofos da alquimia mística.
Mas em realidade, aos dotados de mediano discernimento, está claro: o Tempo existe. Se o Tempo não existisse entre os fenômenos universais, no Universo reinaria uma estática desastrada. Tudo estaria eternamente iniciando, perdurando e transformando-se num único instante. E não é isso o constatado por estudiosos  das várias ciências, dentre os que se fazem dignos de crédito. 
E mais! estão aí os que mais contam com a existência do Tempo e Prazos: os Cavaleiros Templários, com seus negócios de apocalíptica  concentração de capitais,  estabelecidos com bancos, financeiras, manipulação de terras urbanas, tudo funcionando à base de créditos que concedem para posteriores lançamentos a débito em forma de usurárias prestações, estendidas onde? hehehehhh .... onde mais, senão no Tempo?
A esses Cavaleiros, haverei de me referir em outras entrevistas, de livre divulgação à mídia internacional.

Os da rádio patrulha, ao passarem pelas imediações, param a fim de averiguar o motivo da aglomeração na esquina. Ao notar a presença do Pão Doce, o tenente, já conhecedor do vaidoso maníaco, aproveita o vácuo verbal criado, finge ares de preocupação com os destinos do mundo, e lança ...

— Altivo, sábio e mestre, Pão Doce... tudo bem com você?
Sabendo que com o comandante da patrulha não se deve troçar, o maluco patrulha o próprio vocabulário...
— Sim, general... tudo bem.
— Então, diga-nos da situação das grandes potências bélicas e econômicas... Como agirão a partir deste século que se inicia?
— Meu respeitável general miliciano, que me honra solicitando nítida claridade sobre tão enigmático enredo político... antes, ressalvo: essa vossa curiosidade deveria ter se revelado naquela noite extremamente fria, em que me concedeu pernoitar num xadrez desocupado. Foi uma oportunidade de descontração... Meu detector de realidades internacionais teria sido mais sintonizado.
Entretanto, como  sempre é de minha habitual peculiaridade, agora, atendendo a sua inquetação, me expressarei em direto paralelo. Interprete-o conforme vosso discernimento. Lá vai...
Eu, com mais alguns poucos, que nos impomos como os mais influentes e astutos entre os demais moradores do nosso mesmo  quarteirão... consumimos,  devastamos, até desperdiçamos as riquezas dos nossos respectivos quintais.
Ao ver-nos em crescente apuro, diante do avançado esgotamento dos bens naturais dos nossos espaços... que fazemos? Simples ! partimos para o óbvio ! De olhos no potencial ainda existente nos quintais dos meus vizinhos de mente lerda e romântica - por meio dos nossos agentes, disfarçados em portadores de humanitárias intenções - vamos convencendo-os da vantagem de fundirmos todos os nossos quintais, sob zelo de único condômino, por tratar-se de imperiosa conveniência comunitária entre os do quarteirão. 
Convincente! não?
Mas assim que esteja concluído nosso velhaco intento, siguiremos preservando o pouco do que nos resta, mas  metendo mãos grandes na riqueza potencial do que, antes, pertencia a quintais alheios.
Portanto, meu caro general, fico de borduna erguida, sempre que me aparece algum “internacionalista”  parasitário, pregando a necessidade de um mundo sob único governo.
Vossa inteligência me decifrou? Maiores esclarecimentos, só lá no seu pelotão, em alguma noite do próximo inverno, conversando tête-à-tête, caso Vossa Excelência me condecore com uma ampola de boa cachaça.
Neste momento é só... Escusas! necessito atender a ignorância de tantos outros desta multidão, que inclui vosso contingente miliciano, todos me rendendo culto e votos.

Recém chegada à roda, uma advogada nordestina, sacudida, honesta, revoltada contra instituições judiciárias abolorecidas, contando com a proteção policial ainda por ali, decide sondar as idéias daquele estiloso senhor, trajado em farrapos formais...

— Doutor... quem é o senhor?
— Para vossa honra em conhecer-me, sou o legendário Pão Doce, guia mor da humanidade, gerenciador dos fenômenos do Universo...
A advogada, que, um dia, ouvira comentários sobre um maluco e sua pátria, sem jamais o ter visto, inicia perceber que a caricata figura postada a sua frente é o próprio. Um tanto surpresa, pensa em desistir... mas não. Então arroja fundo...
— Sem hipócritas amabilidades, Doutor Pão Doce... vou ao ponto: como tratará o judiciário na pátria dos seus delírios?
— Doutora, direta com direto... truco!
Excelência... ai-iai dos que ameaçarem jogar creolina nas principais bicheiras, garantidoras da segurança a todas as demais, postas a devorar o corpo da futura pátria risonha. Está sentenciado!

De súbito, aquele primeiro que abordou o Pão Doce, percebendo seu crescente destempero mental, preocupado interfere...

— Ei Pão Doce! Já são 19:20 horas. Passaram-se vinte e cinco minutos. O Sol vai se pondo. E das pílulas? esqueceu? O psiquiatra vai virar fera ao saber do seu descaso.
— Ora, inoportuno estranho... você, novamente? Ouça: você, mais aquele nojento psiquiatra, sujo no ofício, canhoteiro no escrever, somado à canalha a que, desavergonhadamente, serve... vão todos aos infernos ! Aos infernos as pílulas! Aos infernos os covardes, cujas esposas despudoradas aceitam receber em seus ventres o esperma dos infames. Aos infernos os que pretenderam dissipar meu sagrado direito de governar a pátria dos meus fiéis toxicômanos, em ambiente de fraterna podridão! Aos infernos a complacência a provocadores.
Como estou me sentindo livre! Que sublime sensação em recuperar meu mais absoluto esplendor mental... Que alegria em voltar a ser senhor de minhas idéias... auto-licenciado nas ações... supremo em meus poderes extra-sensoriais... Como me apraz ! sentir novamente meu cérebro calcado pela contínua substância pastosa que gera, preenchendo a caixa craniana...

Em meio da aglomeração, uma voz feminina pondera...

— Mas meu Magno, Incomparável e Divino Guia, Pão Doce... estamos nas últimas horas do ano. Alguma mensagem de felicitações ao mundo?
Ah, sim... claro! Oportuno lembrete! Agradeço-a, minha fiel ovelha adoradora...
Bem... então... aos insuportáveis inimigos, carcomidos pelas idéias de hipócrita moralidade; aos éticos de meia pataca... aos apologistas da probidade no trato da coisa pública... a esses - e a quem lhes der apoio - meus ardentes votos de que se danem, durante o próximo ano inteiro. Se, um dia, comparecerem na pátria que governarei serão, de pronto, encarcerados. Mais asséptico, se fuzilados.
Mas aos meus subornáveis súditos, sempre prostrados aos meus caprichos paranóicos; aos que se emocionam com as bondades que pratico com dinheiro público... a todos almejo sucesso em suas investidas contra o erário dos três níveis federativos, daquela invejada pátria.
Especial abraço aos meus amigos, da sempre exemplar linha política sorocabana, pétreo legado do meu estilo de governo...  
  
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11 de dez. de 2011

INDICANDO EMPREGOS, CRIANDO PANTANAIS – 19ª entrevista

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30-10-2011


Sexta-feira à tardinha, na praça central do grade bairro. Agora já são uns oito, em semi-círculo, diante do coitado. Um se aventura de braço levantado, sugerindo a formação do que  o  Pão Doce mais gosta: dar asas aos seus delírios, imaginanando-se ímã e conselheiro a incontáveis multidões ...
— Sim...Pão Doce...  eu aqui. Me ouve?
— Meu caro eleitor, mal posso enxergá-lo em meio dessa ondulante massa gentílica. Mas, enfim, que lhe inquieta o cimo do esqueleto?
— Tantos dizem da INGRATIDÃO. E tantos outros, do PERDÃO aos maus. E sua sapiência, divino mestre, que nos diz a respeito?
— Meu digno subornável... desse tema já tratei em estendidos holofotes informativos de entrevistas anteriores. Todavia, reafirmo que aos de escolaridade superior dados a perversidades planejadas – mais grave se em grupo - não há do que perdoá-los, por duas simples razões. Em princípio, porque, os maus, por fatores congênitos, são perigosos aleijões dos sentimentos. Demonstram mórbido prazer na prática do que fazem, com largos pretextos aos estragos que produzem. Não se perdoa aos que jamais se arrependem, aos que jamais pedem escusas, exceto quando, por falsos e covardes, se dizem arrependidos para se livrarem de pena capital.
Outro gozador próximo, entra no circuito, esforçando-se para manter a imagem de multidão formada...
— Ei, Pão Doooce! Eu, aqui, de braço erguido, à sua esquerda... está me vendo?
— Hein? Hein? Alguém distante na multidão me perguntou algo?
— Sim, sim... Agora me dê de sua atenção, grande Pão Doce! Afinal, também sou filho de Deus.
— Então, fala meu filho!
— Parece que você anda PREGANDO O ATEÍSMO INDISCRIMINADAMENTE... 
— Cacilda! Você está tão distante, também perdido nessa multidão, que mal posso ouvi-lo... Se pretende iluminar-se com algum ensinamento, deveria ter tomado lugar mais próximo, aqui, do meu palanque, para facilitar nosso diálogo.
Mesmo a grande distância, m’amigo, oxalá você consiga me ouvir. 
Digo a todos: - se um humano não for educado e instruído desde tenra infância, sob  linha de pensamentos intensivamente cívicos e racionais, quando adulto poderá comportar-se com o que trouxe em seus genes: um perigoso chipanzé, que se tornará meio domesticado, conforme a ração que gratuitamente receba, sem nada fazer em paga.
— Chiii... Pão Doce ! percebo para onde pretende guinar sua estéril argumentação. Há controvérsias, meu dileto doente mental. Eu, na condição de fervoroso cristão, sobretudo, obediente aos meus bispos, sou favorável à máxima de que devemos, simplesmente, repartir o pão, sem esperar  qualquer tipo de  retorno...
— Cristão, se você sabe de minhas guinadas, também sei do seu repertório de pretextos decorados e repetidos à exaustão, contendo mais demagogia que fundamentos. Você é a confirmação dos resquícios de primata a que me referi, partilhando dos mais de noventa e nove por cento dos cérebros apenas domesticados, desprovidos do raciocínio mínimo, necessário à percepção da política manipuladora dos ícones religiosos. 
Esses mesmos mentirosos, especialistas em contradizer, ou negligenciar, o cerne do manual que dizem ser a imutável palavra de  deus – são os mesmos que assim procedem sempre que lhes convenha, para ganhar dizimistas e eleitores.
Por exemplo. Acaso não está escrito no vade mecum de sua religião, que o homem deve viver do suor do próprio rosto?
— Sim, é evidente. Porque é mais que justo ! Concorda?
— Claro que concordo! É por concordar que novamente inquiro: então, cristão! como ficamos?
Excetuemos o inválidos mentais - que é a minha condição perante a sociedade - aos quais deveriam ser creditados honorários de Ministro Geral do Mundo. Excetuemos, também, os totalmente inválidos  físicos, os idosos e crianças ...
Pois bem, então, cristão ! devemos repartir o pão com quem? Com vagabundos natos, com os que se evadiram das escolas, com os que nada de útil fazem neste mundo, além dos maus exemplos que dão? Repartir com parasitas, alguns até de escalpos aloirados, outros de olhos esverdeados, outros de cabelo pixaim, outros de pele inteiramente branca... mas que se borram de urucum e genipapo, tentando  passarem-se por índios, a fim de mamarem dos bolsos dos escravos modernos: operários e empreendedores?
Ora, ora, meu controvertido cristão... ou o seu deus é equivocado, ou, se está certo no que  pregou,  seus  representantes vigaristas o contradizem, sob a assertiva de que tudo pode ser distorcido, desde que  a farsa lhes convenha – como, por exemplo, até repartir o pão com os de rostos sem suor algum.
Repito: como ficamos? Com o pão do seu deus, ganho com o suor do rosto - ou com o pão do suor dos outros, repartido pelos hipócritas que se dizem representantes dos céus?
E, em retribuição às suas ofensivas palavras, ilumino ainda mais a sua mente. Vai lá. A sorte do seu deus é que quem morre não retorna para denunciar trapaças. Porque se o ícone israelita, Zacarias, ressuscitasse tomado de sensatez, ainda que por só cinco minutos, ao relatar a realidade de seu relacionamento com a adolescente por ele hospedada, durante dias, em sua morada... meu caro cristão! - o seu deus humano tremeria ante o depoimento. E você, hoje, estaria convicto: sem adoração à minha divindade não há alternativa. Valeu?
Então, uma jovem de riso cínico interrompe e aproveita...
— Também quero vez, para me surtir dessa sua divindade, meu Sr Pão Doce. Nas circunstâncias atuais, a que TIPOS DE PROFISSÃO devo me orientar? O Grande Mestre nos daria alguma referência?

Açulada a vaidade, pela bajulação ouvida de tão linda moça, a criatura se empolga ainda mais...

— Que júbilo me invade a mente, ao atender sua preocupação de resignada, porém, confusa eleitora.
Para se dar bem, não é complicado. Use do pensamento objetivo, desapaixonado. Nas atuais circunstâncias, não empreenda nada, a não ser no ramo de vender mentiras, fantasias e estorinhas repetidas.  Se não se tornar milionária, pelo menos, jamais terá dificuldades na vida, com a vantagem de  manter-se isenta de participar do esquadrão dos já referidos escravos modernos, ao que estão condenados os  que atuam na iniciativa privada.
Não é complicado perceber, mi’a si’orinha, que, além da promissora profissão que acabo de citar, as de maiores possibilidades de enriquecimento estão na área política, ou na carreira de funcionário público de nível superior, melhor se em cargo de confiança.
Em qualquer das duas alternativas, de encarreiramento pendurado no Estado,  assim que a senhorita assuma o cargo, procure, imediatamente, identificar, no ambiente, os barões da corrupção coordenada, e deles se acercar. Demonstre pronta disposição de prestar-lhes fiel colaboração, de bico preso.
O resto, mi’amiguinha, é sucesso garantido. Só alegria e mão numa grana lascada! Não há, no mundo melhor negócio!
Também existe a doce alternativa de aposentadoria imediata. Basta apresentar-se como sem “alguma coisa”.  Assim, também às custas dos escravos modernos, a senhorinha terá renda, bolsa mensal perene, além de cestas básicas de alimentação, e alguns bicos de luz e gaz, gratutos. E se declarar-se negra ou índia, gozará das quotas, para ingresso nas universidades, livre de concorrência, o que já é de seu conhecimento.
— Mas, Pão Doce, você não vê que sou branca e loira? 
— Então, anote, minha ingênua eleitora ! se a senhorinha imigrar para a pátria dos meus domínios, lá eu garanto, sua pessoa será da raça e cor  que lhe convenha. A senhorinha, loira? Imagine! Lá na minha pátria,  a veremos de batoques no nariz, orelha e beiços, ou de tíbia atravessada no alto da juba crespa. Não esqueça, minha fiel: pra mamar numa boa, vale tudo. 
Aí está o resumido leque de escolhas que me solicitou. Boa sorte !
     — 'pera aí... Por favor, Grande e Divino Cérebro... Ainda mais uma dúvida. O senhor tem se referido a pensamento e posturas racionais. Qual o significado disso?
       — Pois bem... (haja paciência !) Vou responder com exemplo. 

     Quase incontido por natureza, o principal impulso da mulher é a transmissão de genes. Sabedores dessa fúria  natural, os agentes alcoviteiros da sua igreja se aproveitam do impulso e incentivam, ainda mais, as mulheres à obsessiva procriação. O que os move é o interesse no surgimento de milhões e milhões de novos dizimistas que os sustentem, além de incorporá-los ao exército religioso, belicista – já que o belicismo do Marechal dos Céus se resume na votadade dos seus representantes mentirosos.
Mas, preciosa jovem... minha futura adoradora! as mulheres necessitam de homens que as engravidem,  e, com os magros salários da maior parte deles, sustentem as crias que elas despejam no mundo.
Aí contamos três agentes envolvidos, interessados na procriação. Porém, apenas dois submetidos a deveres. Assim, estamos diante de uma aberração. Porque RACIONAL seria se os três interessados partilhassem das conseqüências de suas pretensões. Faz sentido?
— Parece que sim... Mas como vai distribuir obrigações à minha igreja?

Mostrando algum desgosto ante a verbalização do maluco, a moça segue no aparte...

Além do mais... pretencioso mestre, permita-me  mostrar-lhe que não sou desinformada. Certo dia, há anos passados, ouvi  comentário na TV sobre um papa, que ao repreender os franceses pelo decréscimo de nascimentos anuais, alegou a humanidade estar em processo de diminuição quantitativa, pondo nossa espécie em risco de extinção.
— Ah, moça... essa não! Não posso crer que tal ícone tenha cometido tamanha desfaçatez —  mesmo que no intuito de assegurar o tão manjado objetivo da  instituição de seu império - que é o de manter os povos em desespero por falta de emprego, atolados na ignorância, e, por conseguinte, necessitados de consolos e milagres. Mesmo assim não creio em sua afirmativa, bela jovem !
Em realidade - minha corruptível consulente ! - o perigo vem de sentido inverso. O risco de extinção da espécie, e das demais, está no crescente excesso de humanos no Planeta, conforme tenho sublinhado, enfaticamente, em minhas entrevistas e discursos de datas anteriores.
— Mas volto ao que lhe vinha expondo. Não tema! não vou distribuir responsabilidade a quem, dando maus conselhos por trapaça, não se responsabiliza pelos graves desequilíbrios que provoca; nem vou apropriar responsabilidade a qualquer instituição vivaldina, de matriz européia, que perpetuamente, por aqui, vem jogando hordas em sufocos financeiros ao insuflá-las à procriação galopante, enquanto, depois, discursa, cinicamente,  às mesmas hordas aflitas, transferindo a culpa aos governantes e sistemas econômicos.
Não é difícil entender... moça! Conforme já referido, a grosso entendimento, aos homens cabe a fertilização dos úteros e o trabalho, atuando como protetor e mantenedor das proles. Às mulheres incumbe ainda mais: além da incubação dos fetos,  o trabalho externo e o da casa, contribuindo na mesma mantença. Mas para trabalharem fora, necessitam de quem, também interessado na proliferação humana, com o devido zelo alimente e cuide das proles, durante as horas em que mães e pais estejam trabalhando fora.
Daí decorre que tal ZELO, CUIDADOS E CUSTAS DE ALIMENTAÇÃO, havidos durante as referidas horas, devem ser  ASSUMIDOS, INTEIRAMENTE, pelo terceiro interessado, que são as igrejas alcoviteiras. Essas  que pressionam para nacimentos, mas que, por espertas, se colocam livres de obrigações, alheias às  conseqüências que geram com seus assédios. E, disso, beneficiando-se da venda de fantasias e consolos aos agoniados que produzem.
Assim, RACIONAL e JUSTA seria apropriar   responsabilidades a todos os interessados envolvidos. Ou não?
— Mas, senhor Pão Doce, veja... O senhor não consegue vislumbrar o grande serviço de lapidação da conduta humana, prestado pelas igrejas? Apesar de sua suprema inteligência, não consegue atinar com a realidade?
— Acontece, sobre o tema, nos pautamos em prismas divergentes. O que a senhorita entende por lapidação da mente humana - em realidade não passa de recurso religioso de lavagem cerebral despercebida e contínua. Portanto, entendo esse recurso escuso,  malsinado entulho obturador à evolução espontânea do comportamento conseqüente, efluido do raciocínio e conduta  racionais. Mas a esse enfoque racional, de  sustentação da vida associativa e política, o condicionamento esquizofrênico das massas não concede vez. Porque tudo haverá de prosseguir, por milagre, engessado no modelo único ditado pelos manipuladores mentirosos, que dizem assim ser a vontade do deus inventado.

— Mas a vida, mestre Pão Doce, a vida em si já não é um milagre?
— Quem lhe afirmou isso, foi Deus? digo, fui eu?
— Não, foi meu guia espiritual.
— Algum guia celestial, ou humano?
— Claro que humano, n´é, mestre !
— Mas, distraída senhorinha ! no vade mecum de sua religião, escrito por homens, por acaso, não consta a contraditória afirmativa de que maldito é o homem que crê no homem?
— Sim, consta !
— Então porque crê no homem que  disse a vida ter surgido de um milagre? E se eu lhe disser que a vida resultou de fenômenos que, pouco a pouco, as ciências os irão desvendando?
E se eu lhe disser que construí o Universo com as ciências anteriormente criadas por mim, sem conotação a milagres?
E se também lhe disser que o grande milagre sou eu, então por que motivo sua altiva pessoa  não vem a mim e se ajoelha aos meus pés ?
— Não me faltaria mais nada ! Vou pensar na sua loucura, sr Pão Doce. Estou indo... muito obrigada!
— Vá! Vá rezando, implorando por minha proteção... ó zombeteira! ó minha linda e futurosa ministra de Estado... Não tardará o dia em que estaremos juntinhos num metrô lotado...

Após responder alternadamente a alguns do pequeno grupo, surge outro malvado excitando ainda mais o surto do “arrebatador das massas”...

— Ei, grande Mestre ! agora eu... estou sacudindo minha camisa amarela, aqui no meio do povão.
Ao senhor, me concedo interpretar o sentimento destas hordas tomadas de emoção, alimentadas pela clarividência de suas idéias, digamos, até de natureza sobrenatural. Rogo emitir algum lumíneo parecer, a mim em particular, com proveito a estes milhares de servos que aqui nos comprimimos para adorá-lo, e aos bilhões que estão nos vendo, por meio da dúbia tecnologia que interliga o mundo no mesmo instante...
No momento atual, divino Pão Doce, DE QUE A HUMANIDADE MAIS NECESSITA?
De fato, ao ouvir o verbete povão; a referência a bilhões de espectadores; a exaltação a seu poder sobrenatural de comunicação ... o Pão Doce apruma o corpo, engrossa o pescoço, estende altivo olhar ao longo da ampla avenida - ao estilo Collor assumindo a presidência da república - contempla a multidão ali apinhada, ansiosa de ouvi-lo. Mas o doido se põe enciumado pela razoável colocação do seu inquiridor, o que vai resultar num preâmbulo de fingido enfado e sacrificio, fazendo-se de fundilho doce...

— Não acrediiito ! Novamente? serei obrigado a referir-me ao que já está me causando até sarampo, a cada repetição da mesma cantilena?  É ! essa é mais um espinho desta minha enfadonha missão de assessor público para assuntos universais. Mas não me nego! 
Pela resumida expressão, me dou conta de seu hercúleo esforço em imitar meu refinado estilo de verbalização. Mas impossível... conforme deve estar soando em sua própria  percepção.
Meu caro, invejoso eleitor! se você tivesse ouvido, ou se interessado em saber do que tenho dito sobre tal necessidade, você não teria me dirigido essa pergunta tão corriqueira. Mesmo porque, há minutos passados, já me referi ao assunto.
Mas, por gentil consideração a sua hilária figura, vou repetir o óbvio. Do que a humanidade mais precisa, meu caro pescoceiro, é de juízo; e de levar em conta, exatamente, do que ela tem me dedicado ouvidos moucos. Necessita munir-se de sensatez, e inverter, urgentemente, a suicida trajetória de procriação inconseqüente.
Mas, diante de tanto descaso, no que diga do contingente humano que estará sob meu império, enquanto perdurar o reinante meio ambiente mundial, estarei mais interessado no planejamento dos contornos políticos e sociais, que imporei à pátria democrática dos meus ditames.
Lá cuidarei de dois pantanais. Um, natural, cristalino e belo, conforme o existente nesta Pátria, onde os idosos vagabundos do FHC reinam no pesca-e-solta, gozando da fidalga hospitalidade dos  pantaneiros.
E do outro pantanal, político e fétido, cuidaremos eu e os da grande parte dos congressistas enviados a Brasilia. Esses serão por mim aliciados e nomeados. Porém, os contrabalancearei pela fiscalização a cargo de vários oficiais militares, antigos e recentes, do Instituto Militar de Engenharia, dignos senhores representantes do mito castrense: "homens de honestidade a toda prova;  dotados de irredutível austeridade e férrea disciplina, sempre dedicados ao mais impecável cumprimento do dever". ehehehhh... A todos esses confiarei os cofres públicos e orçamentos da pátria livre que governarei !  ( Só por Cristo ! ehehehhh...)
Cuidarei, pessoalmente, da sofisticada técnica   com que assaltaremos as verbas dos inúmeros ministérios e prefeituras, por ser esse o meu já testado estilo de governo. Tudo sem conceder a menor chance a críticas da escória social honesta, dedicada a denunciar, inutilmente, os nossos escancarados esquemas de ladroagem.
Sob o rito das reciprocidades, gozarei da fervorosa solidariedade de milhares de ONGs dirigidas por gatunos.
Assim dito, creio eu ter bem atendido ao meu caro sugador de bons conselhos e planos de governo.
Bem... amigos! Como rotina cotidiana, com o consentimento e compreensão desta  gigantesca aglomeração humana que me idolatra, vou me despedindo... Vou seguindo pelas calçadas, esparzindo alentos e consolos... sedutoras promessas... sempre envolto da carinhosa atenção de tantos outros populachos subornáveis, sedentos de minha sapiência universal a toda prova.
Mas antes, neste último instante da despedida, alerto para a imperiosa necessidade de repúdio à "Lei Ficha Limpa”. Contando com esse importantíssimo  apoio, convoco esta manipulável multidão a um uníssono rugido de certeza e sucesso, na governança daquela pátria dos meus pantanais...

E, assim, tomado de emoção, o desvairado   estremesse, crendo ouvir um estrondoso e longo 

UUURRAAAAAAHHHHHhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh... ... 
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15 de set. de 2011

DO TERNÁRIO; DO LUCRO IMOBILIÁRIO, etc -- 18°

Para melhor enterder a personalidade do maluco, convém iniciar a leitura pelo 1º discurso, de 2010.

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— ... dividamos tudo em partes iguais, nos conformes do socialismo igualitário. Assim: um pra mim, um pra você, um pra mim...
Continuemos: um pra mim, um pra você, um pra mim...
Terminemos, a justa divisão: um pra mim, um pra você, um pra mim ...
Nesse instante, passa alguém por perto e arrisca...
— Pão Doce, com base nesse seu igualitarismo,  você tá repartindo o que, com quem?
— Estou apenas exercitando-me, mentalmente, para quando me chegue o tão esperado momento de governar. Tomado por meu sentimento de justiça social, usando de meus critérios já ensaiados, estarei repartindo os frutos do trabalho do povo da pátria dos meus sucessos...
De repente, surge e passa um trem em alta velocidade,  lotado de bois. O Pão Doce exclama fingindo surpreendente constatação...
— Viu só, amigo... viu só! a carga desse trem? Vai levando, exatamente, 1.626 bois!
— O que? Como conseguiu contar todos os bois, durante a passagem do trem, em tão poucos segundos?
— Simplifiquei o cálculo. Contei apenas a quantia de patas e dividi por quatro.
— Onde aprendeu calcular com tanta presteza?
— Prezado eleitor... nasci com esse dom. O aperfeiçoamento me veio quando gerenciei Sorocaba. Para governar e manter iludido um povo constituído de criaturas tão sonsas quanto você, é necessário desenvolver habilidades de empulhação,  ao tempo em que também induza a impressão de que tenho cérebro de inigualável inteligência numérica, para governá-las. E assim me farei amado e tratado, sempre, com eufóricas exaltações. É meu estilo de governo!  
— Mas Pão Doce, e os seus auxiliares de governo, que caráter terão? Leve em conta que gestor corrupto se revela pelo perfil dos auxiliares degenerados que nomeia, ou os aceita no governo. Ou, ainda, pela velada coação que exerce sobre governantes sem alma própria, para que nomeiem auxiliares da mesma corja parasitária.
— Caro súdito, agrada-me seu elevado esclarecimento, quanto as artes da minha política real. Serei um grande maquiador de ruas, enquanto os fétidos córregos urbanos permanecerão a céu aberto, mas ocultos entre lixo e matagais. Com tal ilusionismo, seremos sempre considerados de genial talento, elogiados pelo vulgo por nós ludibriado.
— ‘per aí, Pão Doce! Nenhum cidadão, ou político amante da retidão, tem obrigação de referir palavras elogiosas, seja a particulares, a pessoas públicas ou a funcionários corruptos.  Ao contrário, a obrigação é tratá-los como seres que se rebaixaram à condição de escória ética. Se o cão abandonado revolve lixo para matar a fome, então os corruptos do lixão criminoso estão abaixo de vira-latas.
— Isso é o que você imagina! Zombo de sua mente subdesenvolvida, que está se mostrando apartada das magistrais artes políticas do meu acervo. Tanto você quanto os demais à sua semelhança nascem e vivem para nos servir de escoras, para nos enriquecer ao sabermos explorá-los, mantendo-os sob severos regulamentos e leis piratas, porém, vez por outra, amaciados com nossas anestesiantes lábias, em épocas de eleição. Até as mortes dos meus súditos nos fornecerão chances a superfaturamentos e desvios de verbas com base em falsos sepultamentos. Nós, os da minha escola, m'amigo, não somos de desperdiçar oportunidades ...
Parece até que já estou manobrando com a grana do SAAE, do plantio de palmeiras superfaturadas, da reforma do mercado municipal, e de outras tantas verbas da cidade que construí e aguarda meu retorno, sôfrega de ser por mim parasitada. ehehehehhh ...
Impressionado com o cinismo do maluco, um, dentre os poucos que já se juntaram divertindo-se a ouvi-lo, põe mais fogo na cangica...
— É por isso... é pensando em você, Grande Mestre do Jogo Sujo, que o mais eficiente recurso para amansar CORRUPTOS, ARROGANTES E TRUCULENTOS é submetê-los a intensas e infindas humilhações. É o único corretivo eficaz – se eleita a  senil alternativa de mantê-los vivos.
— Nem perco tempo em comentar essa sua tão  rasteira afirmativa... de bravo mas desprezável oponente!
Com essa receita de nojenta honestidade, você seria, imediatamente, internado no manicômio da minha pátria.
     Sua fala induz esta multidão, que nos ouve, a idéias incompatíveis com meus interesses governamentais, também comuns aos da cúpula de hematófagos que darão suporte aos meus efeitos.
Portanto, a retirada de sua pessoa desta praça é conveniente, antes que amostras de agressividade possam lhe acontecer, por essa massa revolta, a mim sempre solidária nas urnas.
Mais outra senhora entra no circuito da gozação...
— Meu infalível mestre filósofo e sábio, Pão Doce... que poderia nos iluminar sobre o tão famigerado ternário: LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE?
— Respeitável senhôoora ! Filósofo, eu? Não! Não é o meu terreiro. Porque filosofia trata de jogo um tanto embaralhado, propício a graves escorregões, conforme os tenho notado, de alguns ícones da área. Deslizes tais como: contradições entre um ponto e outro da linha de argumentação do mesmo mote; o descuido de mais enfatizar o detalhe do que a essência do assunto; a súbita e desconexa passagem de uma idéia a outra, porém, imaginada como de perfeita transição; confusa miscelânea verificada em temas que, apesar de requererem austero encadeamento de idéias densas, são apresentados com enxertos de divagações dogmáticas, vazias, até misturadas a  devaneios místicos e religiosos...  
Portanto, minha subornável eleitora, informo-a que pertenço a outra estirpe de juízos: sou infalível analista das coisas do mundo, principalmente dos fatos que dizem dos humanos e seus relacionamentos gerais.
Nessa função tanto parto do todo para detalhes, bem como me concedo o alvitre de inverter esse percurso da abordagem.
 O debilóide prossegue zombeteiro em sua explanação ...
E quanto atribuir-me a elevada condição de sábio, conforme é de sua constatação, em verdade tenho aceito esse termo representativo, na presunção de que, no meu caso, eu seja considerado bem mais do que sábio. Isto é, eu seja visto, apenas, como detentor de gigantesco acúmulo de experiências analíticas, consolidadas.
Tudo assim posto, minha senhôoora, então, agora, pronuncio-me em relação ao ternário mencionado, diante desta ligadíssima multidão que, por redundância, a proclamo ávida de minhas luzes vocalizadas.
Portanto, senhôoora... do referido ternário retiro o componente Igualdade, substituindo-o por VERDADE.
— Nooossa... Pão Doce! Que apostasia filosófica! Vai mexer em expressão tão consagrada?
— Vai mexer, não! Já mexi!
— Por que maldade o faz?
— Magnanima inquiridora... a maldade, a mim atribuída, fica por conta da ausência do seu parecer ainda não formado sobre a coerente substituição que acabo de lhe apresentar.
Esclareço. Igualdade, senhora, é expressão de rasa, senão, de efêmera valia, se considerarmos que, na maioria das invocações,  a Igualdade trata de leviano nivelamento, de vã tentaviva, ao considerar como iguais os desiguais. Porque, mi’a s’iora, nada há de vivo nesta Terra de tal sorte que um seja igual a outro, em qualquer sentido. De modo que atribuir  Igualdade a desiguais é tarefa para deuses geridos por minha divindade.
Por exemplo. Se estipularmos que é justo o emprego desse componente do ternário, durante o curto evento de preparação básica à jornada vivencial dos humanos, então, sim, nesse caso a Igualdade se faz divisa e base. Todos os meus súditos deverão ter igualdade de oportunidade na preparação básica.
O mesmo ocorre em relação à linha de partida nas  competições esportivas. Todos deverão estar em igualdade de alinhamento. Entretanto, em qualquer caso, dado o tiro de largada, estaremos diante de pessoas desiguais – ainda que assemelhadas – com desempenhos desiguais, em posições desiguais, e em desiguais chegadas. É o que de geral acontece.  
Portanto, é evidente: o tempo de valia da Igualdade é efêmero, enquanto o tempo de duração da VERDADE ... esse tempo não existe, porque, sendo eterna, a VERDADE independe dessa ilusão humana.
Em resumo, a Igualdade é de emprego equivocado, na maioria dos casos de sua invocação. Concorda, senhora?
Se não concorda, também não lhe concedo o direito de contestar-me, por pertencermos a castas diferentes, sendo, a minha, resultado de superiores louros e privilégios acadêmicos. Aos não acadêmicos, pela condição de inferioridade hierárquica, fica peremptoriamente proibida e depreciada a virtude da sua inteligência, bem como suprimido o seu direito a reflexões. Nessas suas condições, sua obrigação é a de renunciar seu cérebro, firmando-se na condição de mera e inferior subordinada...
— Tá atacado, hein Pão Doce! Já tomou quantas, hoje?
— Sem escárnios à gentileza que lhe dedico, senhôoora! E ouça meu complemento à sua pergunta. Prossigo.
Consideremos da VERDADE... Quanto ao significado nem me refiro. Mas os filósofos estão, sempre, a nos dizer que a base, o único motivo, da filosofia é a busca da VERDADE?
Huumm... Estou capataaando... A senhora acaba de se denunciar como expert em filosofia...
— Sim, sou. Como adivinhou?
— Não me confunda, sovina senhôoora! Não sou adivinho, cujo ofício pertence ao lero-lero repetitório dos misticistas e dos das crenças de fé. Apenas deduzi de sua condição, pela repentina vacilação em seu olhar e riso desconsolado – denunciantes do perfeito assentar da carapuça que lancei junto à minha pergunta, relativa aos filósofos e a VERDADE que dizem perseguir.
Finalmente, inquiro. Se a Verdade é o objetivo principal da filosofia, por que motivo esse componente deve permanecer excluído do ternário, em favor da fugaz idéia contida no termo Igualdade?
Si’ora... ouça. Quando já no travesseiro de seu lar, medite quanto à coerência da minha intromissão na estrutura do ternário. 
     — Mas que fazer, Pão Doce, com o componente Igualdade? Vai pro lixo?
        — Não, não. Estará subentendida como parte do componente FRATERNIDADE. Porque não há Fraternidade onde uns olhem os demais, assim... de canto de olho, de cima para baixo, enquanto os de baixo, resignados, devam aceitá-los lá nas alturas - como convém que a humanidade inteira também se comporte, quando em adoração à divindade de minha celestial pessoa .
Por exemplo, causou-me grata surpresa sua rebuscada inteligência, ao apresentar-me um mote sutil, para esclarecimento a essa incalculável multidão que nos contempla e ouve.
Tanto é que, se for de seu concorde, poderei nomeá-la executiva do Ministério dos Pensadores, daquela minha futura pátria - presumindo a senhôoora já informada quanto a anterior prova de títulos, por mim exigida. E que deve ser a mim apresentada,  antes da assunção do cargo de tão elevada remuneração e prestígio,  cujo privilégio de exercê-lo em meio  à podridão, requererá seu  ferrenho combate aos idiotas do puritanismo ético.
     — Ai-ia-iai ia-iai! por acaso essa tal anterior prova de títulos a que se refere, não se resume naquela tão postulada  voltinha com você, em metrô lotado?
       — Sem alardes, minha querida... sem neura! Se, no ano passado, até aquela maioral, antes de assumir o cargo, se até ela me proporcionou várias voltinhas de metrô...  e que delícia! ... eu só curtindo o bamboleio, enquanto a gostosa esboçava seu leve riso de biquinho... hehehehhhh... foi a coisa mais deliciosa da minha vida! ...  — ora, se até ela se sentiu realizada e me fez feliz, por qual razão eu e a senhora não poderíamos, também, metrorear por horas inesquecíveis?
      — Sou comprometida, seu doido!
      — No início, todas dizem assim... Porém, mais  uns minutos de negociação para adaptação ao meu inigualável odor natural... e terminam por aceitar a nomeação.
Mais outro ali da roda se atreve com agulhas verbais...
— Agora, comigo aqui, Pão Doce ! Apesar da grande  distância que nos separa... tá me enxergando?
— Sim... ainda que você esteja perdido em meio dos gentios... Sim, consigo notar o seu insignificante  vulto.
— Então, me oriente, por favor, Pão Doce. Em troca prometo apoiá-lo em sua cruzada política, que, indubitavelmente, o conduzirá à suprema governança na pátria das suas doçuras.
Trata-se do seguinte. Minha sogra tem um imóvel a venda. Estou interessado no lance. Quem sabe se, após a venda, não  sobra uns trocados pra mim? Haverá incidência de algum imposto na venda? Você percebeu?  Quanto mais dinheiro sobre à velha, maior minha mordida.
—No momento... escusas. Não costumo suprir informações aos que vivem de sograr – o que me parece de seu mister. Mas... m’amigo, sua dúvida vale. É a mesma tida pelos milhões de meus eleitores que apinham esta praça.
Essa é minha realidade, caro rapaz! A de clarear mentes. É exatamente do que eu mais gosto, depois de contar moedas e planejar o perfil da ensolarada pátria dos meus ditames, em que muitos milhões de brancos risos dúbios me pagarão tsunames de tributos – sem direito a esperneios.
Assim sendo, assim será, naquela pátria em que você e sua sogra manterão recluso em suas cabeças o ódio que me dedicarem. E aí de vocês ! se ousarem externá-lo para além dos  seus miolos.
— Chega de conversa mole, ô cara ! Arrependo-me de lhe ter prometido meu voto, mesmo sabendo que você não passa de um falastrão; de alguém que pouco se aproveita do que diz. Se você não sabe nada dos tributos desta Pátria atual, não me interessa dos da pátria que governará. To saindo! E vou com Deus!
— Já vai tarde! Mas comigo não vai não!
Nisso, uma senhora de meia idade, cheia de picardia, a um metro de distância do debilóide, percebendo-o em pleno surto, aproveita fingindo voz gritante de quem está a uma centena de metros de distância...
— Mas eu me interesso, Grande Pão Doce... eu me interesso em saber desses tributos... Está me ouvindo? Estou aqui, de braço levantado, há uns cem metros de distância do seu palanque ... Consegue me enxergar?
Sim, quero saber dos tributos daquela pátria onde também serei sua eleitora e súdita !
O pinel percebe o embalo da cena sugerida... Espreme as pálpebras, coloca a mão espalmada entre a pala do boné e as sobrancelhas, como quem sombreia os olhos para melhor visualização a longa distância. Em seu entusiástico transtorno mental, dá posição erecta ao corpo, se enche de pose, estende olhar altivo e sereno, como que procurando alguém perdido a centenas de metros na imaginada multidão...
— Ah, agora a vejo, senhora!
Mas, por favor, mi'a considerada súdita, com esforço, ainda que ralando suas apetitosas nádegas na multidão, aproxime-se para ouvir com mais clareza os planos deste seu futuro imperador.
E segue gritando...
Isso... sim... agora sim. Distância boa, hein! Então vamos... repita-me sobre o que lhe interessa saberm mi'a si'ora...
— Repito: quero saber dos tributos daquela pátria onde serei sua eleitora e serva !
— Ahhh, perfeito! Huuummm... daquela pátria ensolarada de alvos sorrisos?
Então ouça-me: além da torrente escorchante com que a inundarei com meu intrépido tufão  tributário... por meio de mais um artifício copiado por meus instintos roedores, dia a dia me apropriarei do capital imobiliário dos meus súditos.
— Mas, Pão Doce... com que gênio efetivará o assalto?
— Simples, si’ora, sem artes sofisticadas. Neste caso, serei apenas plagiador do que por aí tenho constatado em pleno vigor.  Por leis toleradas pelo povo, a esse manterei em contínuo estado de resignação,  mantido na condição de ajuntamento de borregos vacilantes. Assim, eu e os meus burocratas de iminência parda,  baixaremos a genial norma, tributando prejuízos por nós, cinicamente, causados, mas por mim entendidos como sendo LUCRO IMOBILIÁRIO. E na maior cara de pau!
Com a pronta colaboração dos meus chupa-carcetines, do  Ministério dos Assaltos Fazendários, exigirei que até determinada data os proprietários de imóveis atribuam-lhes um valor “x” de mercado. Esse valor permanecerá fixo e perpétuo nas sucessivas declarações de imposto de renda de cada proprietário. Até este ponto vocês todos, desta multidão, estão me entendendo?
E o infeliz  crê ouvir o ressoar da suposta multidão...
— Siiiiimmm... Estaaamos...
—Então, agora, futuros súditos do meu império,  entendam o desenrolar da velha trapaça tributária...
Os referidos ministros bajuladores, da economia e da moeda - por mim nomeados à vista da velhacaria de que são capazes - ao serem incompetentes para gerar empregos em tempos de moeda estável, ano a ano apelarão para descontroles inflacionários da moeda. Por esse truque atingirei dois objetivos: primeiro - aumento na oferta de emprego pela artificial dinamização da economia inflacionada. Com essa bomba de retardo, ganharei simpatias e centenas de milhões de votos. Segundo – como se fossem lucros, tributaremos os prejuízos que causarmos aos súditos proprietários de móveis.
Agora, considerem. Há quinze anos, com o valor fixo de cem unidades monetárias, que você atribuiu a um seu imóvel, naquela ocasião, você compraria uma centena de empadões... Mas pela disfarçada desvalorização da moeda, durante o transcurso de uma década e meia... hoje você decide vender o mesmo imóvel, sem lucro, mas pelo valor suficiente à compra atual da mesma centena dos mesmos empadões, de quize anos passados. E verifica que para comprar a mesma centena dos mesmos petiscos, devido a desvalorização da moeda, agora você necessita vender seu  imóvel por duzentas e cinqüenta unidades monetárias. E o vende por esse preço, para preservar apenas o valor aquisitivo do passado.
Aí entro eu e os meus, com nossa cínica tributação plagiada de alguma outra pátria. Ou seja: a diferença (de cento e cinquenta unidades monetárias) havida entre o preço atribuído há quinze anos passados e o preço de venda de hoje, que simplesmente corrigiu o valor da inflação causada por meu maquiavélico governo... essa diferença, causada pela desvalorização da moeda, será considerada LUCRO IMOBILIÁRIO, tributado com percentagem cavalar.  
Essa arrecadação, de todos os súditos que alienem seus imóveis, será abiscoitada pelos meus cofres públicos, com  repasses de verbas orçamentárias a serem geridas por ladrões.
Desde já me emociono ao pressentir  a doce vida que eu e os meus teremos ao enrabar com toda voracidade a nossa pátria, ridente viúva morena...
Mas... Pão Doce do céu! Isso não é tributação... é descarada roubalheira!
— Mas, si'ora, quem lhe disse que não sou ladrão? se já está provado que esse é o meu estilo de governo?
        — Livrai-me, ó Santo Deus ! ...
        — Não adianta me implorar, si'ora... que eu não vou livrá-la, não!

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